São Gonçalo do Rio das Pedras
Pousada. Refúgio. Amigos.
Em São Gonçalo do Rio das Pedras, roladas em tempo geológico distante, pouso, refúgio e amizade se confundem. Desde 1729, os primeiros estrangeiros ali chegaram. Procuravam sombra e água fresca. E ouro. E diamantes. A igreja foi moldando a singular alma do povo do lugar. São Gonçalo abençoou os homens e mulheres e crianças misturadas em tantas raças. Conformada entre rios, cachoeiras, sempre-vivas, fé e pessoas de rica hospitalidade o lugarzinho mais lindo do mundo expandiu sua alegria de viver e de ser única. Hoje, São Gonçalo do Rio das Pedras ainda tem pousada, refúgio e muita amizade. Um lugar no Vale do Jequitinhonha com alma imortal.
O Rio Jequitinhonha fica há alguns quilômetros do povoado. A alma dos moradores também fica, às vezes, distante na contemplação da queda d’água da Cachoeira do Comércio. Tem menino rodando os olhos nas voltas infinitas do moinho. Quando a vida fica difícil uma prece ajunta forças para continuar existindo. Como homens e mulheres do século dezoito, os atuais moradores são devotos da vida alegre, calma, tranquila. O tempo não parou em São Gonçalo do Rio das Pedras. Nada disso. Virou tradição culinária. Bom vinho. Boa hospedagem. Moldou novos contornos nas rochas de eras longínquas. Colocou na alma do povo a devoção pelo por do sol inesquecível. Germinou em cada alma do lugarzinho mais lindo do mundo raízes profundas de tempo. O tempo que não para nunca… mas melhora São Gonçalo do Rio das Pedras como vinho antigo. Cada dia melhor.
As pegadas dos índios, portugueses e africanos estão em cada canto de São Gonçalo do Rio das Pedras. São invisíveis para os desavisados. Mas basta olhar o rosto dos homens e mulheres… o século dezoito está em cada fisionomia, em cada sorriso, em cada bom dia. O século dezoito se espalha, ainda, na hospitalidade, na capacidade de recriar a vida apesar das dificuldades. As almas forjadas no barroco mineiro são especialmente fortes. Tem vontade inquebrantável de ser melhor. Por isso, a natureza em volta celebra as almas grandiosas: as montanhas são fortes e imortais, o por do sol fecha o dia como página de livro radiante, a água dos rios e cachoeiras escorrem levando toda saudade. O nascer do dia em São Gonçalo do Rio das Pedras é incomum: a vida é um eterno elo entre natureza, homem e seus sonhos.
Texto de Danilo Arnaldo Briskievicz
Confira algumas das belas imagens de São Gonçalo do Rio das Pedras: